• Moradores do Contorno continuam abandonados

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  • 18/04/2018 09:00

    Já se passaram cinco meses desde a abertura da cratera de 70 metros, que engoliu três casas e deixou mais de 200 desabrigados na Comunidade do Contorno, na BR-040. E até hoje, 55 casas e uma escola que ficam sobre a construção do túnel da nova subida da serra permanecem interditadas pela Defesa Civil, sem previsão de liberação.

    O acidente aconteceu no dia 7 de novembro do ano passado, quando o buraco com mais de 30 metros de diâmetro se formou repentinamente, pegando moradores de surpresa. De lá pra cá, como medidas emergenciais, a concessionária que administra a autoestrada (Concer) realizou uma série de intervenções para garantir a segurança geológica do solo. Foi feito o preenchimento do buraco com toneladas de pó de pedra, o grampeamento do solo, e injeções de cimento de alta pressão. Com o local estabilizado, o próximo passo agora seria a liberação da rodovia, e posteriormente dos imóveis nos arredores. Mas, com as causas do acidente ainda em discussão, o caso parece não estar perto de ser solucionado. 

    A situação foi parar no Ministério Público, por conta da possível relação entre o buraco e a construção do túnel da nova subida da serra. Devido à coincidência da cratera ter sido aberta exatamente sobre um dos pontos de escavação, a ligação entre os dois casos tem ficado cada vez mais evidente. Numa das inspeções realizadas no túnel, técnicos chegaram a constatar alagamentos e até um desmoronamento na parte interna, bem próximo ao local do buraco.

    No entanto, segundo moradores, a concessionária responsável pela autoestrada (Concer), vem se defendendo nos inúmeros debates e discussões envolvendo o caso, alegando que o afundamento do solo tenha sofrido influência de outras questões. “Em todos os encontros que nós, moradores, tivemos com Concer, ANTT e Ministério Público, a Concer tem frisado que não conseguiram provas para relacionar o túnel com a cratera. E nós, moradores, leigos, apesar de acreditar que tenha a ver, queremos uma solução para este caso, o mais rápido possível. Estamos vivendo numa situação provisória que tem que ser resolvida”, disse Leonardo Felipe de Oliveira, 33 anos.

    No local do afundamento o cenário é um pouco diferente daquele de cinco meses atrás. Não há nenhuma movimentação de obras, nem sequer de vigilantes. O local da cratera está cercado por tapumes e alguns cones e obstáculos sinalizam a interdição da pista. No asfalto, até um recapeamento foi feito recentemente, e a margem da via recebeu pintura especial. Mas, nenhum prazo oficial para a liberação do local foi divulgado. “Estamos abandonados. Me parece que está próximo da liberação, mas só acreditamos vendo. Precisamos que resolvam isso logo”, completou Leonardo, que mora no bairro.

    Criado na comunidade do Contorno, o negociador da bolsa de valores e empresário – Cristiano Lopes Duarte, de 36 anos, não vê a hora de voltar pra casa. O imóvel onde ele morava fica a quase 100 metros do local onde a cratera havia se aberto, mas até hoje a área permanece interditada. “Se liberarem a pista têm que liberar as casas, porque a pista fica colada na cratera. E se disserem que hoje posso voltar, voltarei o mais rápido possível. Já estarei lá”, disse. O empresário reclama da demora na solução do caso, e cobra uma providência. “Tenho cães e gatos, que estão em abrigo provisório, pago pela Concer, e também tenho as minhas coisas que quero arrumar em casa. Estou pagando aluguel, num lugar que fica fora de mão, e minha mãe tem que sair mais cedo para trabalhar”, contou Cristiano, lembrando que sua mãe trabalha como merendeira na escola Leonardo Boff. A unidade, da rede pública de ensino, também foi interditada, e funciona de forma provisória no bairro Duarte da Silveira.

    Por causa da demora na liberação das casas, o local passa a impressão de abandono, e sem movimento, muitos moradores têm se queixado de saque. “Andou tendo furtos por aqui. De vez em quando acontece. Por isso eu estou sempre indo em casa. Tem gente que vai todos os dias, porque muitos deixaram suas coisas, mesmo que sejam de pouco valor, são coisas nossas”, completou Cristiano.

    Diante da situação, a Tribuna questionou o Ministério Público,  a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a Prefeitura de Petrópolis e a Defesa Civil do município sobre o caso. Mas, até a  poublicação dessa reportagem, as entidades nos respondeu.

    Em nota, a Concer informou que  disponibilizou à Defesa Civil todos os documentos, entre relatórios, laudos técnicos, resultados de análises e sondagens produzidos em relação à ocorrência no Contorno, em Petrópolis.

    O mais recente documento disponibilizado às autoridades é uma nota técnica, assinada por empresa especializada, que detalha as intervenções executadas para a correção da cratera e para o reforço estrutural daquele trecho da rodovia, que encontra-se seguro e apto ao pleno restabelecimento do tráfego.  A empresa lembra que o afundamento de solo foi corrigido anda no ano passado.


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