• Mecanismos que se encontram

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  • 12/05/2018 12:00

     A corrupção enraizada em nossa sociedade fez com que a área pública e privada se envolvesse num mecanismo que, ao longo do tempo, passou a se retroalimentar. O chamado sistema se tornou voraz e de acordo com as recentes revelações se mostrou da mesma forma como uma metástase que espalha a célula cancerígena por todo o corpo. Nossa sociedade está doente e da mesma forma, acontece com aqueles que estão à margem dela. O poder paralelo criou o seu próprio mecanismo que, em muitos aspectos, se apresenta até mais estruturados do que o poder constituído. E o pior é que um sempre acaba se encontrando em algum momento com o outro, o que tornou a situação insustentável.

    As facções criminosas não só cresceram de tamanho como também aumentaram sua qualidade de organização e abrangência de atuação. O principal eixo desse mecanismo estruturado está nas rotas do tráfico que traz as drogas e as armas de fora do país. Nossas fronteiras, há tempos, se tornaram uma peneira rasgada, na qual se passa de tudo, a qualquer momento.

    Tanto as drogas como as armas encontram apoios em todo o território nacional para se possa escoar em escala, chegando a todos os estados e comunidades. Esse exemplo comprova que os mecanismos se encontram e se integram, fortalecendo, no geral, a criminalidade nas suas mais variadas formas, tendo sempre como pano de fundo o dinheiro e o poder. Aliás, isso acontece desde que o mundo é mundo.

    A facilidade do roubo de carga no aeroporto internacional do Rio de Janeiro, quando mais de US$ 1 milhão em celulares foram retirados com a maior facilidade do mundo, também demonstra claramente os cruzamentos de mecanismos pensados e articulados para o crime, com gente infiltrada na sociedade civil, numa empresa privada etc. A profissionalização do crime é notória. Em tempos de globalização e com o advento das novas tecnologias, a tendência e que a cada dia ele se aperfeiçoe mais e mais, utilizando mentes brilhantes para o mal.

    Enfim, a nossa realidade é perversa, o que explica tamanha violência. O sistema é corrompido, a interação público-privada é comprometida e, assim, de geração em geração a cultura da corrupção se eterniza, nutrindo os mecanismos que beneficiam grupos restritos em detrimento da população que é a que mais sofre os efeitos dessa sociedade doentia.

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