• Jovens começam a fazer uso de álcool e drogas por volta dos 12 anos de idade

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  • 19/06/2016 09:00

    A iniciação ao uso de álcool e drogas ocorre cada vez mais cedo. A estimativa é que o primeiro contato aconteça no início da adolescência, ou seja, em média, aos 12 anos. O uso dessas substâncias causa prejuízos que, a longo prazo, podem ser irreparáveis. Mas o que leva os jovens dessa faixa etária a entrar nesse mundo? Os motivos são muitos, mas segundo a psicóloga Leandra Iglesias, os problemas dentro de casa, como conflitos com os pais, têm sido crescentes. Por isso, este será um dos assuntos discutidos na 18ª Semana Nacional de Prevenção ao Álcool e outras Drogas, que tem início no próximo dia 20, na Câmara Municipal. A fim de entender melhor o universo dos jovens, a Tribuna conversou com duas meninas, de 15 e 16 anos. Uma contou sua experiência com a bebida e as drogas. A outra ajudou a mostrar o cenário em que os adolescentes vivem atualmente em Petrópolis. Para proteger a identidade delas vamos denominá-las nessa reportagem de X e Y. 

    X, tem 15 anos, mora em Petrópolis e por causa dos conflitos com a mãe, começou a beber com os amigos. Na medida em que se envolvia nesse ambiente e que as diferenças em casa aumentavam a cada dia, a situação chegou ao ápice da adolescente sair e voltar apenas três dias depois. Os problemas iam desde a falta de atenção da mãe até a não adaptação na escola em que estava matriculada. O pai foi o primeiro a saber o que a filha estava passando. A mãe foi comunicada pelo pai. Durante a entrevista, a adolescente contou que a primeira vez que ingeriu bebida alcoólica foi dentro de casa. No início, era só para experimentar. Depois, problemas internos a levaram a beber vodca com os amigos. Em seguida, cerveja também. Pouco tempo depois, a maconha entrou no circuito. Até que chegou ao ponto dela não querer mais voltar para casa, o que acabou acontecendo mais de uma vez. A atitude foi apenas consequência do que ela vinha sentindo.“Meus pais reclamavam que eu estava isolada no quarto, mas quando tentava falar com eles, não davam atenção, ficavam assistindo TV ou no celular”, disse ela, que se queixou ainda que a mãe se dedicava mais ao irmão mais novo. “Ela só falava comigo gritando, brigando”. 

    O envolvimento com essas substâncias foi motivado porque X revelou que percebia que quando os amigos bebiam ou usavam drogas se sentiam bem e foi isso que ela buscou. “Em casa e também na escola, estava me sentindo rejeitada, excluída. No início eu não queria me envolver com essas coisas, mas eu precisava. Não usava todos os dias, era apenas uma fuga para quando brigava com a minha mãe e me sentia mal”. Questionada sobre como fazia para comprar tanto a bebida quanto a maconha, ela disse que geralmente dividia com os amigos. “Íamos juntando as moedas e comprávamos. Eu sei todos os pontos de venda aqui no centro da cidade”, comentou. 

    Depois que começou o tratamento psicológico, Y passou a entender melhor o que estava acontecendo e até o diálogo, que antes não existia com a mãe, melhorou. “Antes eu recorria às drogas em busca de um alívio, mas aquela era uma sensação passageira. Agora encontrei uma muito mais duradoura que é estar bem dentro de casa, com a minha família”, disse. A adolescente continuou saindo com os amigos e disse que se diverte do mesmo jeito, sem beber ou fumar maconha. 

    Se por um lado a falta de atenção é um problema, por outro sufocar os filhos também não é a solução. X acrescenta que é preciso o meio termo. “Queremos a presença deles, que nos escutem e que respeitem que somos pessoas diferentes”, disse. A jovem também reclamou que os pais querem que os filhos sejam cópias. “Eles ignoram que temos nossas personalidades”. Ambas pontuaram ainda a falta de eventos para a idade delas em Petrópolis, que acaba fazendo com que a única diversão seja o uso de álcool ou drogas. 


    Para especialista, pais precisam estar informados

    Há 15 anos, Leandra trabalha com prevenção ao álcool e outras drogas nas escolas em Petrópolis, e foi desta forma que observou a deficiência dos pais em falar sobre assuntos que estão no dia a dia dos adolescentes. Por isso, resolveu levar a discussão da sala de aula para dentro de casa. Segundo a psicóloga, muitas vezes os pais não percebem ou não querem enxergar que estão errados nas condutas com os filhos. “E é essa atitude que pode trazer graves prejuízos. Nessa faixa etária em questão, os adolescentes precisam ser entendidos”, afirmou ela, acrescentando que é importante o diálogo sobre sexo, álcool e drogas a partir dos 8 anos. “A prevenção tem que chegar antes deles se envolverem nesse universo”, disse. 

    Especialista na área, Leandra disse que o início do envolvimento com as drogas geralmente acontece aos 12 anos. Entre 14 e 16 é que os adolescentes começam com o abuso e correm o risco de se tornar dependentes. Na cidade, as drogas mais usadas são: álcool, maconha e cocaína. A psicóloga alerta que isso pode levar a um sério comprometimento cerebral, considerando que o cérebro só está maduro aos 21 anos. 

    A 18ª Campanha acontece de 19 a 26 de junho e vai contar com palestras e distribuição de cartilhas nas escolas e em espaços públicos, como na Praça da Liberdade.


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