• Impeachment, o primeiro passo

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  • 19/04/2016 11:55

    Fatos são fatos. Quando reais, incontestáveis. Com razões suficientes, jurídicas e políticas, Dilma Rousseff recebeu da Câmara Federal o que mereceu, colheu o que plantou. Os delitos foram cometidos e a presidente confessou os crimes, ao reconhecer que usou bancos públicos para pagamento dos programas Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida. Ainda assim, persiste no embuste. Tentou mascarar a situação, porquanto nesses projetos foi onde menos aplicou os recursos captados ilegalmente. Com dados publicados pelo Banco Central, restaram reconhecidas as pedaladas fiscais, a contabilidade criativa e a irresponsabilidade gover namental que envolveram valores estratosféricos durante a gestão da lulopetista. A usurpação de competência do Legislativo também revelou-se evidenciada pela edição de decretos não numerados do Executivo, autorizadores da abertura de créditos suplementares ilegais, com remanejamentos expressamente proibidos pela lei orçamentária.

    Na semana, o governo e o lulopetismo já vinham de duas derrotas no Supremo Tribunal Federal. Tiveram repelida demanda destinada a anular o processo de impeachment e perderam na fixação de critérios sobre a ordem de votação na Câmara. Assim, chanceladas as decisões do Parlamento, logo seria aprovada a admissibilidade do impedimento por larga margem, 367 votos contra 137. Uma derrota fragorosa, uma vergonha para o ex-metalúrgico Lula da Silva, capitão do balcão parlamentar e da indecência.

    Na votação na Câmara, o discurso de uma nota só, a ladainha do golpe. Serve, apenas e tão somente, como álibi mal-ajambrado, para que Lula, Dilma e acólitos continuem fugindo das questões de fundo da crise, que conduzirão ao definitivo afastamento da presidente pelo Senado Federal. “É a economia, estúpido”, ideia de James Carville, que virou “case” do marketing político-eleitoral. Amolda-se hoje à realidade brasileira como uma luva. O lulopetismo mergulhou o país no caos econômico. Temos recessão, com queda acentuada do PIB, quebras progressivas na atividade ind ustrial e comercial, inflação longe do teto, déficits orçamentários, subvertidas as metas de superávit primário, apesar das mágicas contábeis, desemprego de cerca de 10 milhões de trabalhadores e retrocesso na ascensão social de segmentos médios da sociedade. Portanto, no horizonte, um futuro bem previsível, inescapável, que naturalmente desaguaria, como desaguou, no afastamento da presidente incriminada. Some-se ao desastre econômico, a inaptidão de Dilma para o convívio social, em suas relações mais primárias. Mal-humorada, para não dizer agressiva, longe do poder, será fácil imaginá-la no núcleo central das decisões da República, no trato permanente com subordinados de qualquer instância ou categoria. Foi com essa tônica, sempre do alto de suas tamancas, que tratou aliados e opositores, inafeita ao jogo político com o Congresso Nacional e com as demais esferas de poder na República.

     As respostas que deu ao adversário Aécio Neves, ao ser parabenizada em 2014 pela conquista de novo mandato, ilustram e dão a dimensão da grosseria e da incivilidade que marcam sua personalidade arrogante. Vale reproduzir o diálogo travado entre ambos por telefone. “Boa noite, presidente”, disse Aécio, ouvindo de Dilma um “pois não, candidato”. “Quero cumprimentá-la pela vitória e dizer que seu desafio é unificar o país”, observou Aécio. Como resposta um ríspido e indelicado “tá bom”, com o qual encerrou a conversa e desligou o telefone.

     Dilma é o que é, jamais mudará. Como atriz de péssima qualidade, não conseguirá enganar mais ninguém. Foi dado o primeiro passo. Cultiva-se agora a certeza de que o Senado cumpra seu dever e afaste a presidente definitivamente de seu cargo, onde jamais deveria ter chegado. paulofigueiredo@uol.com.br

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