• Grupos de protetores lutam por políticas públicas em favor dos animais da cidade

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  • 29/07/2018 15:22

    Já não é novidade o número elevado de cães e gatos soltos nas ruas da cidade. O abandono de animais é uma realidade triste em Petrópolis. Alguns têm a sorte de ser resgatados por protetores ou amigos da causa animal, mas muitos morrem atropelados ou doentes. A demora na criação e aplicação de políticas que favoreçam os animais tem contribuído para o agravamento do problema. Entre tantas razões, a principal é a procriação sem controle de cães e gatos que não têm tutores ou, quando têm, estes muitas vezes não têm condições de arcar com todas as despesas de uma castração.

    No distrito da Posse, o número de cães e gatos que precisam ser castrados chega a cerca de 700 animais, segundo levantamento feito por protetores locais. A protetora independente Aline Ferreira Galo, que trabalha há mais de 20 anos com a causa animal, acompanha de perto o problema na região. Atualmente, ela cuida diretamente, em sua casa, de 13 cães e 7 gatos e ainda tenta ajudar como pode outras famílias, intermediando consultas e castrações em médicos veterinários. 

    Segundo a protetora, na Posse e no Brejal, praticamente todos os dias um animal é abandonado, seja no Centro da Posse, ou nas estradas que dão acesso à zona rural. “Sem a castração, a fêmea engravida, a família que tem poder aquisitivo baixo não tem como cuidar e abandona o animal e os filhotes. Na rua, eles sofrem maus tratos, correm o risco de ser atropelados e ficam vulneráveis a todo tipo de doença”, lamentou Aline. 

    E não é só nos distritos que a situação pesa. No Centro Histórico tem se tornado frequente encontrar grupos de mais de 20 cães seguindo uma cadela no cio. São cães que vivem nas ruas, ou por instinto acabam fugindo de suas casas. 

    Rosilene Ferreira, responsável pela Cats House, cuida de 23 gatos. Muitos, ela resgatou com esporotricose, uma zoonose grave que pode ser transmitida para os humanos e pode até levar o animal à morte. “A cidade está repleta de gatos de rua, o que vem gerando doenças pela enorme população, e ninguém presta atenção. O assunto é sério! A quantidade de gato com Felv (leucemia felina), Fiv (imunodeficiência felina) e Pif (peritonite infecciosa felina) está assustadora. Minha dificuldade aqui é enorme. Pouquíssimas pessoas gostam e cuidam de gatos aqui na cidade”, disse a protetora. 

    Com a demora no início das ações, a Defensoria Pública vem atuando para agilizar a criação e aplicação de políticas públicas em favor dos animais na cidade. Nesta semana, a Defensoria encaminhou para a Prefeitura, através da defensora pública Marília Pimenta, a emenda que cria o Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais (Comupa), com o objetivo de, entre outras coisas, garantir a proteção, defesa e bem-estar do animal na cidade.

    A defensora se reuniu na última segunda-feira com representantes da Secretarias de Saúde e da Secretaria de Serviços, Segurança e Ordem Pública, para cobrar algumas medidas efetivas em relação à causa animal, como um levantamento do número de animais que precisam da castração em toda a cidade, a rapidez na realização da licitação que cria um convênio com as clínicas veterinárias da cidade, um fundo municipal de defesa dos animais e programas de educação ambiental nas escolas sobre a saúde animal, entre outros. 

    Quando questionados, as ongs e protetores dos animais da cidade listam com facilidade as dificuldades que encaram todos dias por amor aos animais. “Precisamos de castrações o tempo todo até colocar a cidade em ordem. Projetos de educação, feiras de adoção no Centro e em pontos estratégicos, que hoje não temos. A lei do abandono, que quase nunca é respeitada. Se em cada pedido de ajuda sobre maus tratos fosse cobrado multa do tutor e o valor fosse para os animais, o animal fosse retirado da pessoa, e houvesse um acompanhamento naquela residência para que não voltasse a ter animais, já seria uma solução”, disse a protetora Andrea Santos, da ong Proteção Cão Amor. 

    Com o pouco apoio do poder público, os protetores tentam se virar como podem. Organizam eventos, bazares e contam com a ajuda de madrinhas e padrinhos que assumem um pouco das despesas dos pets. Sem contar as parcerias que fazem com médicos veterinários, muitos acumulam dívidas com as clínicas e contam com a colaboração da sociedade civil para manter a saúde desses animais que vivem em abrigos e lares temporários. 

    Segundo a Prefeitura, a Coordenadoria de Vigilância Ambiental tem realizado campanhas de imunização contra a raiva animal. Nas primeiras quatro etapas, imunizou 16. 256 animais.  A próxima etapa está prevista para acontecer no dia 04 de agosto, atendendo a moradores dos bairros do Floresta, Itamarati, Samambaia, Corrêas e Nogueira. Também foi realizada a primeira etapa das castrações, através do castramóvel, com 914 intervenções na localidade de Correas. 

    Também vem sendo realizado um levantamento em clínicas veterinárias sobre o número de casos de esporotricose na cidade. Segundo a Prefeitura, a previsão de término do estudo é de seis meses, quando poderão ser avaliadas as estratégias necessárias, considerando o cenário encontrado. 


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