• GE Celma completa 65 anos de atuação

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  • 17/07/2016 09:00

    Alexandre Carius / Tribuna de Petrópolis

    A GE Celma, considerada uma das maiores exportadoras de serviço do Brasil, tem batido recordes no número de motores revisados anualmente. No ano passado, a companhia teve seu melhor ano de atuação no Brasil, revisando 393 motores aeronáuticos de grande porte, o que representa um aumento de 10% na comparação com 2014. O levantamento de dados tão positivos coincidiu justamente com o aniversário da empresa, que completou na última terça-feira, 65 anos de sua fundação.  Hoje, estão empregados mais de 1.500 funcionários (diretos) e cerca de 500 terceirizados (indiretos) que atuam diariamente nas nossas oficinas. A maior parte desses trabalhadores residente em Petrópolis.

    Hoje, 95% de todo o serviço realizado pela GE Celma se dedica à exportação e é entregue para empresas internacionais. Nos últimos oito anos, a GE Celma destinou aproximadamente R$ 10 milhões a projetos sociais desenvolvidos na cidade, e tem uma parceria firmada com o Senai Petrópolis há mais de 30 anos para formação de mão de obra local. De acordo com o presidente da GE Celma, Julio Talon, a empresa é uma das principais unidades de revisão e manutenção de motores aeronáuticos da GE no mundo. Além disso, a trajetória da companhia está diretamente ligada ao desenvolvimento da cidade, seja investindo no treinamento de pessoas, como valorizando mão de obra local ou gerando renda. 

    “O serviço de revisão de turbinas é intensivo em mão de obra e depende de profissionais altamente qualificados. Sendo este o principal recurso para a competitividade da GE Celma. Por isso, a companhia investe continuamente na qualificação de seus colaboradores”, disse. Por este motivo, a GE Celma tem investido cada vez mais no futuro e consequentemente em tecnologias novas. Este ano a empresa inicia a construção de um novo banco de provas, em Três Rios (RJ). Com investimento de US$ 45 milhões, a nova unidade será responsável por testar os diversos sistemas associados ao GEnx – o mais avançado motor em operação já produzido pela companhia. A expectativa é que as obras sejam concluídas no final de 2017 e que, após 2020, o banco de provas seja capaz de testar entre 100 e 120 motores por ano.

    Atualmente, as turbinas revisadas na fábrica de Petrópolis são enviadas para os Estados Unidos ou para a Escócia, onde as condições enfrentadas pelas aeronaves durante o voo, como pouso e decolagem, são simuladas integralmente. Além disso, a GE Celma inaugurou na última sexta-feira uma oficina escola em parceria com o Senai Petrópolis para capacitação de mão de obra local. A Oficina Escola para Mecânicos de Manutenção de Motores Aeronáuticos será uma réplica da unidade de manutenção e reparo da GE Celma – reproduzindo detalhes como cor do chão e das paredes e posição de maquinário – e tem como objetivo o desenvolvimento prático, visando o aperfeiçoamento da mão de obra e a excelência do serviço prestado. A unidade possibilitará que os profissionais executem o trabalho utilizando as mesmas ferramentas e manuais encontrados nas plantas da GE Celma.

    Ambas as iniciativas fazem parte do plano de expansão da companhia, que visa a ampliação da capacidade operacional. Até 2020, serão investidos US$ 100 milhões, o que inclui a meta de atingir a capacidade de revisão de 500 motores aeronáuticos de grande porte por ano, fazendo com que a GE Celma cresça 25%.


    Sobre os funcionários da empresa

    A mão de obra qualificada é o coração da GE Celma, por isso o cuidado na escolha de cada um deles e a valorização dos mesmos quando apresentam um trabalho bem feito. Prova disso é o engenheiro mecânico José Luiz da Silva, que há 47 anos atua na empresa. De acordo com ele, as exigências no local são muitas e os novos desafios surgem diariamente. E, é justamente essa dificuldade contínua, que resulta em um produto final de alto nível, que impulsionam cada vez mais os profissionais que decidiram dedicar suas vidas na manutenção e montagem de motores aeronáuticos.

    “Costumo dizer para as pessoas que lá em cima, (fazendo referência ao céu), não existem acostamentos e por isso tudo aqui precisa sair perfeito”, disse entre risos o engenheiro mecânico que começou na empresa como office boy, aos 14 anos, fazendo serviços de escritório e datilografia – ofício que aprendeu dentro da própria Celma. A familiaridade com a empresa de fato vem de família, levando em conta que o pai trabalhava como soldador na oficina. Naquele tempo, a empresa ainda pertencia ao Ministério da Aeronáutica e era comandada pelo Brigadeiro José Kahl Filho. O potencial do jovem funcionário foi observado e a empresa apostou no seu crescimento profissional, delegando funções cada vez mais desafiadoras. 

    Em 1975, Silva passou no vestibular de Engenharia Mecânica da Universidade Católica de Petrópolis (UCP) e teve a oportunidade de conciliar estudo e trabalho, passando a receber pelas horas que trabalhava enquanto não estava na faculdade. Com a formatura, em julho de 1980, veio a promoção a engenheiro de reparos e, poucos anos depois, a oportunidade de participar de um treinamento oferecido pela GE, em Cincinnati, nos Estados Unidos, para capacitação em reparos de alta tecnologia – serviço esse que seria incorporado ao trabalho já desenvolvido pela Celma.

    Já Gabriel Kinast, um jovem de 26 anos, que hoje faz parte do Programa de Liderança na área de Operações, ingressou na GE Celma em 2008 como estagiário do curso de capacitação do Senai. De lá para cá, ocupou posições que possibilitaram seu envolvimento em projetos que dão o tom para os próximos 65 anos da companhia: o desenvolvimento de tecnologias que servirão como ferramentas para auxiliar os profissionais que trabalham na oficina. Em 2014, Kinast se debruçou sobre os conceitos da robótica para criar um novo mecanismo capaz de automatizar o processo de remoção de um componente do motor aeronáutico. Já em 2015, esteve diretamente ligado à instalação dos equipamentos de impressão 3D na GE Celma, que cria uma gama de diferentes dispositivos a serem utilizados na operação. Hoje, ele se dedica ao desenvolvimento de novos projetos que, no futuro, serão capazes de digitalizar relatórios e também controlar toda a produção da fábrica.


    Um pouco sobre a história da gestão da empresa


    Fundada em 1951 pela família Rocha Miranda, a então Companhia Eletromecânica Celma iniciou suas atividades como uma empresa de equipamento eletromecânico, fabricando e fazendo manutenção de eletrodomésticos, ferramentas elétricas e autopeças. De lá, saíam itens como ventiladores e furadeiras. Posteriormente, em 1957, a companhia foi comprada pela Panair do Brasil e ingressou no mercado de aviação, transformando-se na oficina de motores aeronáuticos da companhia aérea brasileira.

    Com a falência da Panair, em 1965, os funcionários da Celma se mobilizaram e conseguiram uma audiência com o então Ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Eduardo Gomes. No sábado de carnaval daquele ano, o Brigadeiro visitou as instalações da companhia e se mostrou impressionado com a estrutura. Como não havia ninguém na oficina, ele pegou um giz e escreveu no quadro negro em que eram feitos os apontamentos de produção: “A Celma continuará revisando”. A partir de então, a Celma passou a ser comandada pelo Ministério da Aeronáutica. E o quadro pode ser visto até hoje na parede da oficina.

    Anos depois, em 1991, a Celma vivenciou uma nova troca de comando, sendo a segunda estatal a ser privatizada pelo governo Collor. A companhia foi adquirida pelo consórcio formado pela construtora Andrade Gutierrez, os bancos Safra e Boavista e a General Electric (GE). Em setembro de 1996, a GE adquire a maioria acionária da empresa, que passa a se chamar GE Celma. Além dos 65 anos de história, a companhia completa, ainda em 2016, 20 anos como parte do grupo GE.




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