• De Nancy Pelosi a Dilma Rousseff

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  • 02/08/2016 10:00

    Tivemos uma semana rica de fatos políticos. Lula recorreu à ONU, foi concluída perícia no sítio de Atibaia, Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, proferiu discurso feminista em Washington e foram apresentadas alegações finais de defesa de Dilma Rousseff no processo de impeachment. Fechando os acontecimentos, o ex-metalúrgico é declarado réu em ação penal por tentativa de obstrução da Lava-Jato.

    Lula contratou Geofferey Robertson, famoso advogado de Julian Assange, do caso WikiLeaks, e do boxeador Mike Tyson. Bateu às portas do Comitê de Direitos Humanos da ONU, com denúncias contra o juiz Sérgio Moro. Sustenta falta de imparcialidade do magistrado, abuso de poder e violação do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos. O ex-presidente, segundo seu patrono, teme ser preso a qualquer momento, de forma arbitrária e com ofensa a direitos elementares.

    Há uma indagação que precisa ser de plano respondida: quem pagou os vultosos honorários do célebre advogado? Será que os lulopetitas estão providenciando uma vaquinha, como fizeram com Dilma, a fim de que a presidente afastada pudesse viajar pelo país em jatinhos fretados? Ou Lula finalmente mete a mão no bolso, gastando a fortuna que amealhou com suas palestras internacionais? Ao reclamar na ONU contra o não funcionamento de nossas instituições, o ex-presidente insiste no engodo e na mentira, envergonha o Brasil e trata o país como republiqueta de banana. Num só lance, agride o Tribunal Federal de Porto Alegre, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal, que não estariam dando resposta a recursos interpostos ou a serem ajuizados contra as transgressões apontadas.

    Coincidência infeliz para o ex-metalúrgico, deu-se com a conclusão do laudo pericial que o incrimina e o deixa sem saída sobre crimes de ocultação de patrimônio do sítio de Atibaia, no momento em que procurou a ONU. Agora não há mais como negar a propriedade do imóvel, cujas obras foram orientadas pelo ex-presidente e sua mulher, conforme denúncia do arquiteto Paulo Gordilho, com quem Lula dividiu o consumo de uma garrafa de cachaça e outras de cerveja. Assim, com carga tão pesada sobre os ombros e com o país em pleno funcionamento de suas instituições de Estado, de nada adiantará acionar a ONU, que levará ao merecido arquivo a representação de Lula, até por falta de competência para adoção das medidas requeridas em petitório inepto.

    Cumpre-se, com o oferecimento das razões finais de defesa de Dilma, uma das fases do julgamento do processo de impeachment. Logo haverá de consumar-se a decisão de afastamento definitivo da presidente, evidenciando-se com todas as tintas a falência da gestão da pupila de Lula, expressão da incompetência administrativa e da tolerância com a corrupção e o aparelhamento do Estado, para dizer o mínimo. As palavras de Nancy Pelosi – “quando as mulheres têm sucesso, o país tem sucesso”, ditas em convenção dos democratas americanos, soam como verdadeiras no mundo contemporâneo e civilizado. No entanto, é lamentável constatar que no Brasil não tivemos êxito. A mulher presidente, que fazia questão de intitular-se presidenta, como se bastasse feminizar o termo, não teve o menor sucesso, foi um desastre. Mais grave, comprometeu a luta heroica das mulheres brasileiras, ao ser apeada do poder como incapaz, fazendo triste figura na história recente do país.

    paulofigueiredo@uol.com.br

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