• Cidade acolhedora: histórias de artistas que escolheram Petrópolis como lar

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  • 16/mar 08:00
    Por Aghata Paredes

    Petrópolis é conhecida não apenas como um refúgio histórico e com paisagens deslumbrantes, mas também como uma cidade acolhedora para quem decide respirar novos ares, especialmente para a comunidade artística. Diversos deles, oriundos de diferentes cantos do Brasil e até fora do país, escolheram em algum momento esta cidade serrana como o cenário ideal para suas inspirações e criações.

    Luiz Aquila da Rocha Miranda, pintor, desenhista e professor brasileiro, é uma figura marcante no cenário artístico, reconhecido também por seu papel como orientador da Geração 80, enquanto lecionava na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Sua ligação com a cidade de Petrópolis remonta à infância. “Minha família tem uma casa desde 1884 [Casa de Petrópolis], então ficou uma espécie de casa de veraneio, e eu subia com os meus pais nas férias, vinha pra cá, e gostava muito. Petrópolis sempre foi muito relacionada à liberdade para mim, era férias, ar bom para respirar, vegetação, e essa casa antiga, muito bonita e interessante”, conta.

    Aos 81 anos, Luiz Aquila reflete sobre sua trajetória artística, composta por mais de 200 exposições individuais e coletivas, e sua contribuição para a retomada da democratização no Brasil. Para ele, a redemocratização foi um marco crucial para os artistas se expressarem com mais liberdade e segurança. “Durante períodos de ditadura, há um receio subjacente que inibe as pessoas de se expressarem abertamente. Elas começam a utilizar linguagens nas entrelinhas, recorrendo ao subtexto como meio de comunicação. Quando ocorre a redemocratização, os artistas sentem a liberdade de se expressar no texto principal, revelando suas emoções de forma mais franca e segura. Esse momento é crucial, proporcionando uma arte mais extrovertida e marcante para todos nós. O papel da arte no mundo é transmitir o afeto organizado, promovendo uma experiência de pura emoção e reflexão sobre esse sentimento. Essa função artística é fundamental para que as pessoas se conheçam e se identifiquem afetivamente”, explica. 

    Foto: Divulgação

    A relação de Aquila com a arte é profunda. “Meu projeto de vida era ser pintor, viver de arte e morar em Petrópolis, e isso eu consegui. Então eu tenho a sorte de ter realizado esse projeto de vida que começou aos 17 anos”, destaca. Além disso, sua inspiração vem desde as pinturas rupestres até os grandes mestres da arte contemporânea, passando pelos poetas modernistas e pela música brasileira. 

    Ao mudar-se para Petrópolis, Aquila encontrou o ambiente propício para sua arte, com tranquilidade, espaço e a qualidade do ar que tanto contribuem para sua criatividade. 

    Mauricio de Memória, carioca de origem, traça sua relação singular com Petrópolis, destacando as influências, mudanças ao longo dos anos e o papel central da Piccola Arena em sua vida e obra.

    Mauricio de Memória, carioca de origem, traça sua relação singular com Petrópolis, destacando as influências, mudanças ao longo dos anos e o papel central da Piccola Arena em sua vida e obra.

    Nascido em Ramos, Rio de Janeiro, Mauricio iniciou sua trajetória acadêmica no Centro do Rio, onde se formou em Filosofia e tornou-se professor de história. Com a chegada da ditadura, o exílio o levou à Europa, passando por países como Polônia, Paris e Croácia. O retorno ao Brasil trouxe um período em Santa Teresa, onde seus filhos nasceram. No entanto, a necessidade de um ambiente propício para sua expressão artística o conduziu à serra de Petrópolis.

    “Posteriormente, senti a necessidade de encontrar um ambiente mais propício para pintar, escrever, e resolvi subir a serra. Fui criado na vida urbana. E a vida no Rocio é a tentativa de fugir disso. E me identifiquei muito com a tranquilidade, o clima, estando próximo à mata Atlântica, que tanto me inspira.”

    Foto: Mario de Aratanha

    A mudança para Petrópolis não apenas influenciou a vida de Mauricio, mas também se entrelaçou com sua carreira artística. O Rocio, área de preservação ambiental onde mora, é justamente o que buscava

    “Fixei a residência no Rocio em 1983, quase 1984. Meus filhos já eram nascidos e vim para cá.”

    A Piccola Arena, criada pelo artista, tornou-se uma extensão natural de sua necessidade como artista. Surgindo da carência de espaços amplos e estruturados para a expressão artística na cidade, a Piccola Arena abrange não apenas galerias de arte, mas também um bistrô, um teatro de arena, uma horta e um projeto de audiovisual em desenvolvimento.

    “A Piccola Arena foi criada pela minha necessidade de artista. Na época, só havia uma galeria de arte, no Centro de Cultura Raul de Leoni. E, como artista, sentia falta de um espaço maior, de uma estrutura que me possibilitasse produzir e me expressar, em qualquer arte.”

    Além da influência de artistas como Picasso, Matisse e Van Gogh, Mauricio destaca a importância da cultura popular brasileira. “Sou ligado à cultura popular. Zeca Pagodinho, Djavan. Tom Jobim é uma inspiração para minha arte. Ah, e Vinicius.”

    A Piccola Arena, fruto de um investimento familiar, destaca-se como um centro cultural multifacetado e integrado à vida de Mauricio. Com uma abordagem que engloba aspectos artísticos, educativos, gastronômicos e ambientais, o espaço é uma expressão viva da paixão de Mauricio por educação e cultura.

    “Como historiador de origem, o meu amor é trabalhar com educação e cultura. Isso não mudou. Vir para Petrópolis e criar a Piccola Arena é um sonho que possibilitou juntar paixões. Temos ao lado uma escola com 60 alunos, com a qual mantemos atividades regulares. Aqui fazemos um projeto cultural, educativo, artístico, gastronômico e ambiental.”

    A Piccola Arena, iniciativa sem financiamento público, representa não apenas um espaço para a expressão artística, mas também um apelo ao reconhecimento da importância de centros culturais como este na cidade.

    John Van Borsel, artista belga, também possui uma relação especial com a cidade de Petrópolis. Relação essa que começou há cerca de vinte anos, quando conheceu sua esposa, Mônica, em uma conferência no Canadá. A decisão de mudar-se para Petrópolis surgiu do desejo do casal por um lar envolto em montanhas e verde. “Foi o melhor passo que já demos. A natureza, a tranquilidade, mas também a história e o rico ambiente cultural aqui proporcionado nos deram a qualidade de vida que procurávamos”, comenta.

    John Van Borsel, artista belga, também possui uma relação especial com a cidade de Petrópolis. Relação essa que começou há cerca de vinte anos, quando conheceu sua esposa, Mônica, em uma conferência no Canadá. A decisão de mudar-se para Petrópolis surgiu do desejo do casal por um lar cercado de montanhas e verde. “Foi o melhor passo que já demos. A natureza, a tranquilidade, mas também a história e o rico ambiente cultural aqui proporcionado nos deram a qualidade de vida que procurávamos”, comenta.

    Foto: Arquivo Pessoal/John Van Borsel

    Questionado sobre a influência de Petrópolis em suas obras, John revela que a cidade foi decisiva para o seu desenvolvimento artístico. Ao escolher um estilo de vida rural, ele começou esculpindo colheres de pau, técnica que evoluiu para outras formas de escultura. A mudança para Petrópolis catalisou seu processo criativo, levando-o a experimentar com diferentes materiais, como o cobre.

    “Petrópolis tem sido muito decisiva para o meu trabalho artístico. Quando começamos a construir nossa casa em Petrópolis (cerca de 15 anos atrás), optamos pelo estilo cottage, como normalmente se encontra na Grã-Bretanha. Para mobiliar nossa casa, muitas vezes, olhávamos revistas sobre a vida no campo. Um dia li um artigo sobre como esculpir colheres de madeira. Me atraiu, porque combinava com o estilo de vida que procurávamos. Comprei os materiais necessários e comecei a fazer eu mesmo colheres de pau. Aprendi técnicas de escultura em madeira dessa forma, mas depois que você consegue esculpir colheres, pode variar um pouco, mas é isso. A certa altura olhei para algumas colheres que tinha feito e coloquei-as umas em cima das outras para criar uma escultura, por assim dizer. Na verdade, esse foi o início do meu desenvolvimento artístico. Usando as técnicas de talha que aprendi, comecei a fazer outras esculturas. Depois disso comecei também a experimentar outros materiais, principalmente o cobre, e assim foram sendo criados cada vez mais trabalhos e comecei a construir a minha obra”, explica.

    Com formação acadêmica em Neurolinguística e uma carreira como professor, John encontra na arte uma continuação natural de sua trajetória profissional. “Como cientista, você tenta resolver questões de pesquisa relevantes para os humanos. Para isso, é preciso ser criativo e criar uma metodologia adequada. Você então comunica os resultados a outras pessoas em publicações. No trabalho artístico, você também olha para as questões da vida, embora talvez de uma perspectiva um pouco mais pessoal, baseada na experiência em vez de em análises rigorosas. As criações artísticas (esculturas) são, na verdade, as respostas com as quais você se comunica com o espectador. Tal como na investigação científica, a criatividade é importante para chegar a uma resposta, e a forma de comunicar é importante. Você trabalha nas suas esculturas, tira, amplia coisas, move elementos até que mostrem exatamente o que você quer comunicar. No meu caso (talvez pela minha formação linguística), o título de uma obra também é importante. Com palavras cuidadosamente escolhidas (com o mesmo cuidado com que se trabalha ao escrever um artigo científico), o título apela às experiências de vida do espectador”, destaca.

    Foto: Grumpy Philosopher/John Van Borsel

    A carioca Regina Julianele é mais uma artista que não resistiu aos encantos da cidade serrana. “Petrópolis me fascinou porque ainda tem gente que sorri para você na rua e isso com uma certa frequência. Além disso, apresenta muitas matas e natureza belíssimas, como as do Rio, mas você pode usufruir disso com tranquilidade, sem precisar ficar de olho na bolsa. Aqui ainda se pode flanar pela rua e ver os canarinhos e o sabiá-laranjeira, que ontem apreciei em frente à catedral ao voltar da missa”, compartilha.

    Este ano, Regina Julianele completa 30 anos morando em Petrópolis, e sua presença na cidade contribui não apenas para o cenário artístico local, mas também para a valorização da experiência que é viver na região serrana. “Estou morando na Dezesseis de Março. Poderia ser mais petropolitana que isso? [risos]. Curioso que saio sempre sorrindo nas fotos tiradas em Petrópolis…”

    Um dos compromissos artísticos de Regina Julianele é pesquisar artistas do século XIX que inovaram na representação visual das plantas, como o pintor expressionista Emil Nolde. “Ele já lidava com a interpretação das flores de modo magistral e expressionista”, explica. Além disso, a artista passeia por diversas interpretações da natureza, desde a inglesa Margaret Mee e a americana Georgia O’Keeffe, até as colagens da brasileira Beatriz Milhazes, com suas temáticas florais e carnavalescas, e Duda Moraes, cujo trabalho tem feito sucesso na França. Na literatura brasileira, a carioca é admiradora de nomes como Adélia Prado, Ariano Suassuna, Cora Coralina, Ferreira Gullar, Manoel de Barros, Nelson Rodrigues e Carlos Drummond de Andrade – nomes que, em suas palavras, estão sempre presentes em seu imaginário.

    Daniela Versiani, uma artista que nasceu em São Paulo, se encontrou em Petrópolis através de uma história de amor. A mudança para essa cidade de montanhas e natureza exuberante começou com visitas a uma casa de veraneio em Carangola, propriedade da família do seu então namorado carioca e futuro marido. 

    A artista expressa seu encanto pela história, paisagem e clima de Petrópolis. Além disso, destaca a gentileza e educação dos petropolitanos, algo que a surpreendeu positivamente, especialmente no trânsito. “Eu adoro a cidade, sua história, sua paisagem, seu clima. E adoro os petropolitanos, em sua maioria, pessoas gentis e educadas. É impressionante como os motoristas param para o pedestre atravessar a rua! Isso não existe em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Espero que os novos moradores da cidade que, como eu, se mudaram para cá recentemente, honrem essa tradição e mantenham a educação no trânsito”, conta.

    Sua trajetória artística foi marcada por uma transição significativa ao se mudar para Petrópolis. Com formação em Jornalismo, Ciências Sociais e Letras, Daniela passou de uma vida cercada pela palavra escrita, adaptando-se ao espaço exíguo de um apartamento no Rio de Janeiro. Contudo, ao se instalar em uma casa com jardim e ateliê em Petrópolis, ela começou a explorar novas formas de expressão visual, como a pintura.

    “Quando finalmente me mudei para Petrópolis, e me instalei em uma casa com jardim e ateliê, eu pude compensar todos aqueles anos vivendo comprimida. no espaço exíguo  de um apartamento. Foi uma verdadeira revolução. Comprei tintas, pincéis e mesa de trabalho. Agora eu tinha  espaço para outras “invencionices”. Descobri uma nova forma de expressão para além das palavras e do computador.  As artes visuais são uma  forma de arte que, além da reflexão, da elaboração mental, dependem também do uso das mãos, do manuseio de coisas materiais. É um privilégio ter espaço. Penso nisso todos os dias, desde que passei a morar aqui em Petrópolis. E além disso, a cidade convida a um contato com a natureza. Isso nos traz de volta à dimensão corporal. O contato com a natureza se dá através de todos os sentidos. Isso sem dúvida tem enorme influência no modo de criar”, relata.

    A mudança para Petrópolis, que ocorreu em 2016, trouxe não apenas qualidade de vida, mas também um ambiente cultural enriquecedor. Daniela destaca o convívio com artistas locais, o crescimento como artista e a presença de centros culturais na cidade, como a Piccola Arena e a Estação Jaqueira.

    “Eu tenho certeza de que nunca fui tão feliz quanto nesta fase da minha vida, morando em Petrópolis. A cidade oferece uma qualidade de vida incomparável. Eu morei muitos anos em duas metrópoles: São Paulo e Rio. Apesar de adorar São Paulo, não sei se voltaria a morar lá.  Além disso, Petrópolis tem vocação para a cultura.  Aqui conheci artistas incríveis. O convívio  com eles me fez crescer como artista. A cidade acolhe muitos artistas interessantes e centros culturais, como a Piccola Arena, que fica no Rocio, e a Estação Jaqueira, em Itaipava. Há também muitos artistas engajados em levar a arte para a população, como vem fazendo o Segmento de Artes de Petrópolis, que reúne artistas muito interessantes que atuam na cidade. Eu torço para que essa vocação se acentue e Petrópolis se torne um polo cultural e artístico do estado do Rio de Janeiro e do Brasil”, conclui. 

    Foto: Divulgação/Daniela Versiani – Colagem da mostra “Reminiscências”: papéis envelhecidos, tinta pilot, tinta nanquim e pastel seco sobre cartão 350g, 10 x 10 cm.

    Renata Gelli, mais conhecida como Renata GAM, artista da 4ª geração da família Gelli, nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, mas sua ligação com Petrópolis começou cedo. 

    “Sou da 4ª geração da família Gelli. Nasci em Belo Horizonte, Minas Gerais, e minha mãe é nascida e criada aqui. Quando casou com meu pai mineiro, foram morar lá e quando eu tinha 3 anos e meio voltamos para Petrópolis e nunca mais saímos. Me encanto com a arquitetura antiga, o verde, o frio e o russo, e escolhi continuar morando aqui nesta cidade que tanto amo pelos fortes laços de amizade que fiz ao longo dos anos.”

    Através de sua arte, a petropolitana de coração, como ela mesma se intitula, propõe uma reflexão acerca do que é descartado no lixo todos os dias. “O lixo não existe e a quantidade de coisas que nós jogamos “fora” todos os dias é absurda. Tudo pode se transformar em arte. Eu acredito muito nisso e quero emocionar e encantar as pessoas com o que faço”, relata.

    Na busca por inspiração, a artista encontra referências nos mineiros Chanina e Willi de Carvalho nas Artes Plásticas. Na literatura, Zíbia Gasparetto e “O Caminho” de Shirley MacLaine são fontes de apreciação. Na música, artistas como Caetano, Gil, Melodia e Marisa Monte também marcam presença em suas influências.

    Natural de Niterói, a relação de Bia Lemos com Petrópolis se fortaleceu com a vinda de sua família para um sítio na cidade. O plano inicial era considerar essa mudança na aposentadoria, mas a pandemia de 2020 trouxe uma nova perspectiva. Em maio, ela e o marido decidiram começar a busca por uma casa, e o destino os levou a encontrar o lugar perfeito, repleto de natureza, silêncio e cercado por tudo que almejavam.

    “Vimos que talvez fosse possível investir nessa grande mudança de vida e resolvemos começar a procurar sem grandes expectativas a casa para comprar. Se fosse para acontecer, a nossa casa nos acharia. E ela nos achou!”

    A mudança para Petrópolis trouxe não apenas uma nova residência, mas um ritmo e uma perspectiva completamente diferentes para a vida e o trabalho da artista. Ao se instalar em um sítio na serra, ela encontrou um novo olhar, cores vibrantes e uma linguagem artística mais autoral. A natureza exuberante e o novo estilo de vida se tornaram fontes constantes de inspiração.

    “O meu trabalho foi totalmente influenciado pela mudança para o sítio em agosto de 2020. Flores e animais com formas coloridas e diferentes sempre foram características do meu trabalho, mas a mudança para Petrópolis deu uma outra dimensão ao meu processo criativo. Aqui achei a minha essência, fiquei mais calma e sensível. Vivo cercada pela natureza, trabalho no estúdio/ateliê com o som do rio e dos pássaros e isso é muito inspirador. Hoje a identidade do meu trabalho e o meu processo criativo fazem parte do meu estilo de vida. Passei a enxergar o mundo com um novo olhar, novas cores e sensações. Nesses três anos e meio que estou aqui, consegui criar uma linguagem própria, mais autoral, buscando sempre novas formas e cores vibrantes”, explica.

    A arte para Bia transcende os limites do ateliê, permeando todos os aspectos de sua vida. A mudança para o sítio intensificou esse processo, transformando seu cotidiano em uma obra em constante evolução.

    “Como diz Rick Rubin, no seu livro ‘O Ato Criativo: Uma Forma de Ser’, tendemos a pensar na obra do artista como um produto, mas a obra real do artista é um modo de estar no mundo. Viver como um artista é uma prática. Você se engaja nela ou não. Então, para mim tudo na minha vida é arte. Como eu me visto, como decoro a minha casa, a comida que faço, como me relaciono com as pessoas e como interpreto o mundo, uma forma de autoexpressão.”

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