• Chuva: agricultores começam a calcular os prejuízos

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  • 06/03/2018 08:51

    “Achamos que iríamos morrer”. Foi assim que o agricultor Arnaldo Rodrigues de Oliveira, de 44 anos, definiu os momentos de horror que viveu na tarde do último sábado. Ele, a família, um funcionário e um amigo – nove pessoas no total – sobreviveram à enxurrada que atingiu a região chamada de Mato Banco, no Caxambu, se abrigando em cima da caçamba de um caminhão e no teto da garagem da sua residência. Nestes locais, eles ficaram por cinco horas esperando a água do rio que corta a localidade baixar.

    “Foi tudo muito rápido. Estávamos carregando o caminhão com a mercadoria que iria para a feira e, quando olhei para fora da garagem, vi o rio vindo em nossa direção. Só deu tempo de gritar. Subimos na caçamba e nos agarramos no telhado. Ficamos ali, no escuro e com medo de sermos arrastados pela água. Moro aqui há 30 anos e nunca vi nada parecido”, contou o agricultor

    Arnaldo ainda não contabilizou os prejuízos, mas acredita que perdeu perto de R$ 200 mil. “Perdi um caminhão, carro, motos, além da plantação, que foi toda embora. Não sobrou nada”, disse. A casa da irmã do agricultor também foi atingida pela chuva. A lama chegou a 1,30 metro dentro da residência. Móveis, roupas, alimentos, tudo foi perdido. 

    “Ainda não sei bem como vamos continuar. Estamos desde ontem (domingo) tentando limpar a casa, desobstruir a rua. Mas não sei nem por onde começar. Tenho que pagar meus funcionários, mas não tenho dinheiro porque não consegui levar a mercadoria para a feira. Além disso, não tenho nem material para voltar a trabalhar. É desolador olhar tudo isso”, lamentou o agricultor.


    Áreas ainda isoladas 

    Dois dias depois da enxurrada, alguns pontos da região do Mato Banco ainda estão isolados. O barro que desceu das encostas fechou vários acessos e, em vários trechos, a lama chega na altura dos joelhos. “Estamos isolados. Não tem como passar nem a pé, nem de caminhão”, contou um morador. No sábado e domingo os moradores também ficaram sem luz que só foi restabelecida ontem.

    Outro ponto que foi devastado pela chuva foi a localidade conhecida como Três Pedras. A região continua sem energia elétrica, sem abastecimento de água e sem transporte público. A enxurrada levou pontes, árvores, postes de luz, destruiu lavouras e casas. Pelo menos 10 carros foram arrastados para dentro do rio. O calçamento também foi destruído.

    “Vi da janela de casa o rio levar meu carro. A água veio com muita força, de um jeito que nunca tinha visto”, contou o vendedor de doces e queijos Paulo José, de 40 anos. A casa não chegou a ser atingida, mas a água do rio levou o portão e o carro usado para vender as mercadorias. “O meu caminhão e as geladeiras que estão com as mercadorias ficaram submersos. O rio encheu cerca de cinco metros, levando tudo. Quando a água baixou, ficou a lama. Perdi todo o meu material de trabalho”, contou. O carro do vendedor foi encontrado a cerca de 200 metros, todo retorcido.

    A agricultora Lucia da Conceição da Silva, de 56 anos, também contabilizava os prejuízos. Parte da lavoura foi levada pela água. As hortaliças já estavam prontas para serem colhidas, o que seria feito na manhã de domingo, um dia depois do temporal. “Tudo o que estava pronto para a colheita foi levado pela água ou coberto pela lama. A chuva também levou os equipamentos de irrigação. Nem sei ainda de quanto foi o meu prejuízo, mas passa de R$ 5 mil”, lamentou.

    A propriedade de Lucia fica na entrada da localidade de Três Pedras. Ela e a família estavam em casa na hora da chuva. “O barulho da chuva, do rio chegando e destruindo tudo, foi assustador. Graças a Deus estamos vivos”, disse. Em frente à plantação de Lúcia, outra residência que fica na margem do rio também foi atingida pela força da água. A família de Joana D'arc, de 45 anos, conseguiu escapar da enxurrada fugindo para a casa dos vizinhos. “Fomos para o local mais alto que achamos. Nunca vi nada igual”, disse a moradora


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