• Candidatos a estágio preferem aprender do que ganhar

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 19/04/2016 15:50


    Em tempos de poucas vagas e muitos inscritos nos processos seletivos, as exigências em relação ao emprego sofrem mudanças notáveis, especialmente no que diz respeito à remuneração. Uma pesquisa realizada pela Companhia de Estágios, responsável pelo processo seletivo dos programas de estágio em grandes empresas no país, revelou que, especialmente entre os jovens que possuem pouca ou nenhuma experiência, conseguir uma boa colocação vai muito além de ganhar um bom salário: é preciso conseguir uma vaga que lhe garanta aprendizado profissional. O levantamento feito pela consultoria traçou o perfil do candidato à esse tipo de vaga nesse ano e apontou que, diante da crise atual, os estudantes estão mais preocupados com ao sucesso da carreira e a realização profissional, colocando até mesmo o fator remuneração em segundo plano.


    Revisão de prioridades


    De acordo com a pesquisa, que contou com mais de 1.700 entrevistados em todas as regiões do país, 62,8% dos candidatos à vagas de estágio têm como maior expectativa o aprendizado profissional, e esperam encontrar um ambiente desafiador que lhes propicie vivência em sua área de conhecimento. O principal contraste é que apenas 3,2% deles apontam a remuneração e ganho de recursos para manutenção do curso/faculdade como principal objetivo no programa de estágio. De acordo com Tiago Mavichian, diretor da consultoria “Isso reflete a consciência do candidato em relação à seu planejamento de carreira, uma vez que estão priorizando a capacidade de adquirir conhecimento do que simplesmente a remuneração. Por ser um programa relativamente curto, de dois anos no máximo, os estudantes têm a oportunidade de passar por um período de aprendizado intenso e buscar melhor remuneração posteriormente, especialmente através da efetivação.”


    Além de ir de encontro com o próprio objetivo do estágio, a priorização do aprendizado também reflete a crise do emprego vivida no país. Se antes, com a abundância de vagas os candidatos tinham a oportunidade de escolher entre aquelas com melhor remuneração, atualmente a queda na oferta deste tipo de programa e o crescente número de candidatos fez com que as prioridades dos estudantes fossem repensadas: “Empresas com programas mais estruturados e com mais peso no mercado representam maior estabilidade e mais chances de efetivação ao fim do programa. Diante disso, antes de analisar o valor da bolsa auxílio, o candidato passa a avaliar o impacto que aquela empresa trará ao seu currículo e à sua experiência profissional. “– explica Mavichian.


    E essa tendência também é, de uma forma geral, reflexo do encolhimento da economia: com a oferta salarial reduzida em todos os setores produtivos do país, é natural que os candidatos passem a consideram outros diferenciais nas vagas, especialmente no caso de programas de estágios, onde por natureza o principal objetivo é buscar aprender e se desenvolver para no futuro ganhar mais.


    Conhecimento vale ouro


    Para esses jovens candidatos, a realização profissional está muito mais ligada à fazer algo relevante e inovador do que simplesmente trabalhar e receber um bom salário. A maioria deles afirmou que não mudaria de área mesmo se tivesse recursos suficientes para tal, e 34,9% dos entrevistados topariam até mesmo ganhar menos, se o aprendizado fosse intenso e constante.


    E isso não significa que esses candidatos estejam apenas se sujeitando às dificuldades do mercado: segundo o levantamento, dentre os que já conseguiram uma vaga e estão participando de um programa de estágio a taxa de satisfação é alta, mesmo contando com uma bolsa auxílio de até um salário mínimo (R$ 880,00) em sua maioria. Isso porque esses candidatos não aguardam a colocação dentro de uma empresa para começar a desenvolver seu plano de carreira: cerca de 700 deles fizeram algum curso complementar no último ano.


    Reflexo disso é que no ranking das empresas onde os candidatos mais almejam conquistar uma vaga de estágio, é possível notar diversas gigantes da tecnologia e indústria, conhecidas por adotarem programas diferenciados, com alta valorização profissional e planos de carreira bem alinhados. Essa empresas, em sua maioria, possuem o ambiente que o candidato espera encontrar: desafiador, com ações de impacto global e responsabilidade social. Não é à toa que Google liderou a preferência dos candidatos à estagio, horários flexíveis e oportunidade de participar de processos inovadores estão entre os principais desejos dos entrevistados.


    Pesquisa pode ajudar gestores e recrutadores


    De acordo com o diretor da Companhia de Estágios, o fator satisfação também está ligado à eficácia dos processos seletivos “A pesquisa aponta que a principal frustração dentro de um estágio está ligado a atribuição de atividades que não condizem com a sua área de conhecimento, gerando baixo aprendizado e frustração. O direcionamento correto do candidato à vaga também é fator de sucesso no programa, pois um candidato mal colocado, é um candidato insatisfeito.  Essa pesquisa auxilia gestores, recrutadores e empresas a desenvolverem processos seletivos mais aprimorados, que permitam um conhecimento mais aprofundado do candidato, otimizando os resultados para empresas e candidatos.”


    A pesquisa abordou inclusive, o uso de novas tecnologias nos processos seletivos e como os candidatos encaram esse tipo de inovação. É possível notar uma mudança nos padrões desses processos: o abandono dos tradicionais anúncios em jornais e o crescente uso das redes sociais e sites especializados para busca de vagas. De acordo com a Companhia de Estágios, essa é a apenas uma das mudanças: a tendência é que o uso de vídeos, pré-seletivas online e entrevistas remotas facilitem e até mesmo eliminem etapas presenciais, agilizando todo o trabalho de recrutadores e entrevistados. “Por isso é imprescindível conhecer melhor a expectativa dos candidatos e o quão abertos eles estão à mudanças, afim de tornar o uso desses recursos mais amigáveis e adaptáveis à realidade do jovem brasileiro.” – finaliza Mavichian.

    Últimas