• Burrice, ignorância e maldade.

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  • 08/03/2016 10:30

    Ouvi várias vezes meu pai comentar: esta coisa que se ouve dizer que o brasileiro é bonzinho, é pura balela, ou melhor, ele é bom individualmente. Porém, na coletividade ele é mau. E esta maldade repousa em sua burrice e ignorância, já que ele, brasileiro, se torna vítima de sua própria maldade. Hoje, na primeira página do jornal “Tribuna de Petrópolis”, vejo impressa a principal manchete que diz: “Estado jogou fora mil toneladas de remédios”. E olha que não foi a primeira vez que li sobre esse absurdo.

    A grande maioria dos remédios fabricados no Brasil é oriunda de laboratórios internacionais e, em função disso, costuma ser muito caro, se compararmos ao poder aquisitivo de nossa população. Se já são caros para a classe média, imagine para o povão. E quanto mais for a doença de difícil cura, mais caro será o medicamento. Um dado estatístico aponta que é o idoso quem mais precisa de remédio, ou seja; o aposentado. Não existe uma política eficiente no Brasil, em relação à saúde pública, para proteger a população de baixa renda. Se já não é fácil uma consulta médica gratuita, mais difícil é a obtenção dos remédios indicados nas receitas. Feliz do pobre que consegue uma amostra grátis. Mas, por quanto tempo, se o tratamento for demorado? 

    Certa ocasião uma amiga vendo várias caixas de remédio sobre minha mesinha de cabeceira, perguntou preocupada: – Você está tão doente assim, meu amigo? Respondi: ainda não, creio eu, mas estou caminhando para completar oitenta anos de vida. Vai daí que tomo onze comprimidos diariamente como proteção, justamente para evitar adoecer. E, como pode perceber a maior parte do que recebo como aposentado, gasto em remédios. E me dou por muito feliz por estar enquadrado na classe média. Qual o grande contingente da população de baixa renda poderia gastar, para se manter vivo, o que eu gasto em medicamentos? 

    Em vista do que relato me emociona ler que o Estado mandou incinerar mil toneladas de remédios, e com datas vencidas, ao invés de distribuir gratuitamente, antes do vencimento, naturalmente, para milhares de pessoas necessitadas, que poderão morrer por falta de medicamentos. Diga-se, de passagem, que a Secretaria Estadual de Saúde, além do estúpido desperdício, ainda gastou cerca de três milhões de reais para incinerar as tais toneladas de remédios.

    Esse é um trágico exemplo de uma mistura explosiva: burrice, ignorância e maldade, a serviço de nossa burocracia. 

    angeloromero.blogspot.com


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