• As prisões de Mantega e Palocci

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  • 27/09/2016 12:00

    A prisão de Guido Mantega dominou o noticiário da semana passada e a detenção de Antônio Palocci inaugura a semana fluente. Num e noutro caso, basta correr os olhos pelos personagens em questão para ver que não há nenhum santo. Há tempos envolvidos nas investigações da Lava-Jato, as figuras são autoexplicativas. Palocci surge nos escândalos bem lá atrás, desde o primeiro depoimento de Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobras. 

    O PT e Lula protestaram contra a falta de humanidade com que se deu a prisão de Mantega, arrancado do Hospital Albert Einstein, onde prestava assistência à sua mulher, prestes a ser operada. Foram mais uma vez apanhados na mentira, porquanto a detenção realizou-se fora do ambiente do hospital, com a máxima discrição e urbanidade. Percebendo a jogada dos lulopetistas, o juiz Sérgio Moro cortou as asas dessa gente. Revogou a prisão do ex-ministro e ressaltou que a Polícia Federal, o Ministério Público e o Juízo não tinham conhecimento da situação de Mantega e de sua esposa.

    Incrível é que o PT nunca protestou contra milhares de prisões de miseráveis pelo país afora, muitas delas efetivadas em hospitais públicos, onde suspeitos sem nomes ou criminosos sem origem são algemados em seus leitos hospitalares. Mas quando o sapato aperta, tem-se um corre-corre dos diabos e a mesma lamúria de que todas as doações foram feitas de acordo com a legislação.

    Embrulhando Mantega, Eike Batista diz que pagou, atendendo a pedido do próprio, então ministro da Fazenda, e Mônica Moura, mulher de João Santana, marqueteiro de Dilma, diz que recebeu cerca de US$ 2,3 milhões, em conta de “offshore” de propriedade do casal. A propósito, Mônica Moura não esconde de ninguém que recebeu pagamentos irregulares, via Caixa 2, por todas as campanhas que fez para o PT, de 2006 a 2014.

    Em relação a Palocci, conselheiro maior de Lula, a horda deve repetir a lenga-lenga de sempre, sem enfrentar o núcleo dos crimes denunciados. Nos dois casos, os depoimentos se ajustam aos demais elementos de prova. Contra Palocci, que defendia a Odebrecht junto aos governos lulopetistas, as provas revelam-se contundentes, como se observa em e-mails trocados com Marcelo Odebrecht. Os trabalhos investigativos da Polícia Federal mostram-se incontestáveis. Não deixam dúvidas, demonstram que Palocci agenciou em favor da Odebrecht interesses de cifras fantásticas, milhões ou mesmo bilhões de dólares, em parte carreados para as campanhas do Partido dos Trabalhadores. 

    Mantega e Palocci possuem extensa folha de serviços prestados ao petismo e aos governos de Lula e Dilma. Com Aloizio Mercadante, elaboraram as bases do programa econômico do PT. E foram premiados com cargos proeminentes na república lulopetista, na Casa Civil, no BNDES, no Conselho da Petrobrás e nos ministérios do Planejamento e da Fazenda. Todos conhecem as entranhas do projeto partidário e suas manobras para perpetuar-se no poder. Portanto, nenhum deles é nenhum inocente.

    Como agravante, Mantega e o secretário do Tesouro, Arno Augustin, um desastre na gestão da economia brasileira, que afundou o país na recessão e no desemprego de 12 milhões de trabalhadores, foram os autores da contabilidade criativa, as célebres pedaladas fiscais, que levaram ao impedimento da presidente. Agora, vencidas as dificuldades de saúde de sua mulher, que Mantega responda pelos crimes que praticou, sem privilégios, como qualquer cidadão brasileiro. De igual modo, resguardadas as garantias fundamentais, espera-se que o mesmo aconteça com Antônio Palocci.

    paulofigueiredo@uolcom.br

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