• A medida provisória

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  • 03/10/2016 09:00

    Um professor de Matemática contou para seus alunos a seguinte história:

     “Um senhor queira fazer uma bela casa. Mas tinha muita pressa para vê-la construída, por isso contratou 20 pedreiros para trabalhar na obra. Esse grupo de pedreiros prometeu entregar a casa pronta em 30 dias. Porém a ansiedade do proprietário era muito grande. Pensou: ‘se 20 pedreiros fazem uma casa em 30 dias, se eu contratar mais 20, em quantos dias, eles me entregarão a casa pronta? ’”

    Esta pergunta, o professor deixou no ar. Um aluno respondeu: “em 15 dias”. 

    O Joãozinho, aquele que fica no fundo da sala, com o propósito de sempre deixar os outros embaraçados, perguntou: “e se tiver uns 10 preguiçosos, que ficam só enrolando?”

    O professor contra-argumentou: “serão todos trabalhadores. Não terá nenhum preguiçoso”.

    O Joãozinho, dentro do raciocínio de que aumentando o número de pedreiros, diminuiria os dias para construção da obra e sabendo da ansiedade do dono, fez a seguinte pergunta ao professor:

    “Se esse moço está com tanta pressa, se ele contratar mil operários, poderá fazer a casa em um segundo?”

    O Pedrinho, filho de um pedreiro, respondeu: “claro que não, tem que esperar a massa secar. O cimento leva um tempo pra endurecer.”

    – O professor teve que falar dos limites impostos pela realidade.

    Lembrei-me dessa história, quando li a notícia sobre a medida provisória assinada pelo atual Presidente da República, abordando as mudanças do Ensino Médio. 

    O Presidente tomou posse, em uma cerimônia que durou 11 minutos no dia 31 de agosto do corrente ano, após a votação, no Senado, do impedimento da Presidente eleita pelo voto direto. A solenidade de posse ocorreu três horas após a destituição. É válido mencionar que o atual Presidente ficou alguns meses como interino.

    No Diário Oficial da União, do dia 23 de setembro, foi publicada a medida Provisória nº 746 do dia 22 desse mês. E, por se tratar de medida provisória, a proposta precisa ser aprovada em até 120 dias pela Câmara e pelo Senado, caso contrário, perderá o efeito.

    Tal medida propõe o aumento progressivo da carga horário anual, que hoje é de 800 horas, até atingir 1.400 horas. 

    A polêmica cresceu pelo fato de tornarem facultativas, no Ensino Médio, as seguintes disciplinas: Artes, Educação Física, Filosofia e Sociologia. Com isso, a matriz curricular terá disciplinas obrigatórias (Língua Portuguesa, Matemática, Língua Inglesa) e disciplinas optativas. Embora a instituição de ensino venha oferecer as disciplinas optativas, dependerá da escolha do aluno cursá-las ou não. Essa flexibilização também está sendo questionada, em função dos recursos financeiros dos Estados e Municípios, porque isso exigirá um investimento maior em função do aumento da carga horária. 

    Mudanças tão significativas não podem ser feitas às pressas, sem passar por uma discussão ampla com a participação dos profissionais de educação que lidam com a realidade, vivem a prática do ensino; não, a teoria. 

    Nenhuma mudança terá o êxito esperado sem oferecer condições de trabalho, sem uma remuneração digna dos professores. 

    O problema da Educação no nosso país não está na grade curricular do Ensino Médio. A implantação do tempo integral, prioritariamente, deve começar com o Ensino Fundamental. A Educação Infantil, no momento, precisa de mais atenção.  

    – Acho que querem construir uma casa, mas começando pelo teto, sem pensar no alicerce e sem oferecer condições de trabalho para os operários, responsáveis pela construção, apesar da má remuneração.

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