• A ética e o direitor autoral

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  • 17/04/2018 13:05

    Mesmo quando o direito autoral caduca, a ética determina que o autor nunca seja sonegado. É hábito corrente citar-se frases ou pensamentos que ficam no ar, portanto, se aproveitando como se deles fossem. E mesmo quando se ignora o autor, por questões de princípios, deve-se acrescentar – “autor ignorado” e nunca “anônimo” ou basta colocar-se entre aspas para ressaltar ser de outrem. Porém, muitos, sem se darem ao trabalho de pesquisar, colocam simplesmente – “anônimo” – quando o correto será sempre “desconhecido” ou “ignorado”, pois sempre existirá um autor e anônimo é o que se esconde para não aparecer e neste caso, o “anônimo” encobre o aproveitador – oh, e como vejo , amiúde, o fato acontecer.

    Já se desvendou que o famoso poema – “Desejo” atribuído à Victor Hugo, é do autor gaúcho,  Sergio Jockmann. E outro mais famoso ainda, atribuído a Maiacowki – “No caminho com Maiacowski”, foi esclarecido ser de outro brasileiro, o niteroiense Eduardo Alves da Costa. Parece que “espertos”, para fugirem do direito autoral lançam mão de autores famosos e antigos, achando que ninguém irá descobrir. Assim é o caso de Voltaire, a quem é atribuído a famosa frase – “Eu discordo do que você diz, mas vou defender até a morte seu direito de o continuar dizendo", quando seu verdadeiro autor é a escritora Evelyn Beatrice Hall – embora neste caso não tenha havido má fé, apenas erro de interpretação. Eis a explicação:

    “Em livro de 1906, “The friends of Voltaire” ("Os amigos de Voltaire"), publicado pela Smith, Elder & Co., a escritora Evelyn Beatrice Hall (1868-1939) que, durante um tempo usou o pseudônimo S. G. Tallentyre, trata de dez figuras notáveis com quem seu biografado – Voltaire – de alguma forma se relacionou e que, entre eles, tinha o Helvétius. É na parte dedicada a este que a biógrafa apresenta a frase citada. Talvez por uma questão de estilo, ela tenha colocou a frase entre aspas e a construiu em primeira pessoa, o que acabou gerando a confusão e a falsa atribuição. Mas, de fato, a intenção da escritora era resumir o posicionamento que Voltaire teria adotado com relação ao banimento de um livro de Claude-Adrien Helvétius (1715-1771), outro filósofo francês com quem ele teve certo desacordo.”

    Há algum tempo, numa pequena reunião na Casa de Claudio de Souza, numa rodada de poesias, uma jovem leu algumas citações de Paulo Coelho e, na terceira frase questionei não ser dele mas de Rabindranath Tagore, poeta e dramaturgo bengalês, do século 19. Mas neste caso é covardia pois quase todas suas citações são, despudoradamente, plagiadas. É a eterna esperteza tupiniquim – e todos, daqui e de fora, dão loas para tal embusteiro – uma questão de postura e respeito de cada um. jrobertogullino@gmail,com


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